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Episódio 9

Sétima Tabuleta

A criação de Adapa

Enki encaminhou Adamu e Tiamat para um recinto com árvores e permitiu que eles se conhecessem. Assim o milagre que Ningishzida havia produzido se tornara evidente. Do casal, nasceram gêmeos, um menino e uma menina. Ninmah também observou a criação.

A velocidade dos acontecimentos na Terra era maior do que em Nibiru. Antes que um shar tivesse passado os seres recém-nascidos já estavam se proliferando. E foi assim que Adamu e Tiamat tiveram outros filhos e filhas e estes passaram a procriar por si próprios, aumentando a população de terrestres consideravelmente.

No Abzu os Anunnaki estavam livres do trabalho pesado. Os trabalhadores primitivos não reclamavam do trabalho, do calor ou da poeira e não resmungavam dizendo estar casados. Eles trabalhavam muito e se agradavam de suas rações de comida. O ouro era encaminhado a Nibiru e a fenda na atmosfera observava sinais consideráveis de melhora. A missão Terra progredia com sucesso.

Entre os Anunnaki houve também casamentos e procriação. Os filhos de Enki e de Enlil também geraram filhos e filhas. Embora os ciclos vitais fossem provenientes de Nibiru, na Terra o tempo se acelerava e então, os filhos dos anunnaki cresciam mais rapidamente.

Nannar e Ningal tiveram gêmeos e os chamaram de Inanna e Utu. Assim prosseguia a terceira geração dos anunnaki nascidos na Terra. Novas tarefas se misturavam às tarefas antigas e todas elas eram divididas entre os anunnaki.

Tudo havia se modificado. O calor que fazia sobre a Terra aumentava, as zonas de neve branca se fundiam com a água. A vegetação florescia e criaturas selvagens percorriam a terra. As chuvas eram mais fortes, os rios emanavam e era preciso reparar as moradias. As margens dos mares já não tinham oceanos. Os vulcões soltavam fogo e enxofre. O solo estremecia e a cada instante a terra balançava.

No Mundo Inferior, o lugar da cor branca da neve, a Terra resmungava. Na ponta do Abzu Enki estabeleceu um lugar de observação e confiou o mundo a seu filho Nergal e sua esposa Ereshkigal.

Em Nibru-ki, no enlace céu-terra Enlil observava os corpos celestes e comparava os movimentos com as tabuletas ME. Há agitação nos céus, dizia Enlil.

No Lahmu, na estação do caminho, Marduk queixava-se a Enki, seu pai.

Os ventos fortes são perturbadores e levantam tormentas irritantes de poeira. No Bracelete Esculpido há transtornos. Na Terra o enxofre caía do céu. Asteroides causavam estragos e aproximavam-se com violência sobre a Terra. Fogos flamejantes se inflamavam nos céus. A escuridão era trazida aos dias claros e o estrago das tempestades e ventos malignos era visível. Mísseis pedregosos atacavam a Terra. Kingu, Lahmu e Terra enfrentavam uma calamidade desconhecida.

Em Nibiru os sábios falavam mas suas palavras não acalmavam os corações de seus líderes.

Tudo o que se sabia é que nos céus, na família do sol, os celestiais, dos quais a Terra era o sétimo, estavam escolhendo seus lugares.

Nibiru se aproximava da morada do sol. Ele havia perdido o caminho pelo bracelete esculpido. E assim, uma nova batalha celestial teria início.

Ao final, Nibiru voltava para sua distante morada nas profundezas e os mísseis pedregosos cessavam a chuva sobre a Terra e o Lahmu.

A este tempo, da primeira aterrissagem já se contava oitenta shars (288 mil anos)

Alguns anunnaki assumiram a inspeção do ocorrido. Assim Enki sondou os alicerces da Terra e concluiu que não haveria escassez do ouro vital. Ninurta verificou o Edin e concluiu que a plataforma de aterrissagem estava intacta e nos vales do norte a Terra derramava líquidos ardentes. Além disto, descobriu brumas sulfúricas e betume. Marduk, no Lahmu, verificou que a atmosfera estava danificada e as tempestades de pó interferiam na qualidade da vida e do trabalho. Marduk dissera a seu pai, Enki, que desejava retornar para a Terra.

Enlil, por sua vez, voltou a seus planos antigos e reconsiderou as cidades que havia planejado. Ele dizia que a estação intermediária no Lahmu já não estava segura e de que era preciso construir um lugar para as naves no Edin. “É preciso um local para que possamos ir e vir de Nibiru para a Terra, sem uma estação intermediária”, ele dizia.

Mas Ninurta pronunciou-se por uma alteração. Ele dizia que Bad-Tibira, a cidade do qual era o comandante, era a mais recomendada para o novo local de decolagem das naves. Enlil transmitiu as ideias a Anu e ficou estabelecido que o novo local de partida e aterrissagem seria no Edin. Assim, o ouro seria levado da Terra até Nibiru e de Nibiru suprimentos e mais anunnaki chegariam para trabalhar. Enki elogiou o plano, mas disse a seu pai que havia uma desvantagem. Ele dizia que a rede da Terra era mais atrativa que a de Lahmu e que para superá-las as energias das naves ficariam extenuadas. Enki defendeu uma ideia alternativa, a construção de uma base intermediária na Lua. E para averiguar esta possibilidade Enki ofereceu os seus préstimos e os de Marduk.

Anu concordou em verificar a lua, antes de construir uma estação no Edin. Enki comemorou. A Lua sempre lhe fora fascinante. Por diversas noites ele observara seu frio disco prateado e a considerava uma maravilha entre as maravilhas.

Assim, Enki e Marduk se dirigiram a Kingu. Eles circundaram a lua e observaram suas crateras e buracos. Enormes feridas causadas pelas batalhas celestiais. Ao descer na lua verificaram que não era possível respirar sem os capacetes de águia, e então permaneceram com eles. Ao observar as condições Marduk se pronunciou dizendo que o local não se parecia com o Lahmu e que não era apropriado para a construção de uma estação intermediária. Enki falou: não se precipite, meu filho! Não vê a dança da qual fazem parte o sol, a lua e a Terra? Fiquemos aqui para estudar e analisar. Com nossos instrumentos podemos medir e apreciar a obra do Criador de Tudo.

Marduk ficara persuadido com as palavras de seu pai. E assim, Enki e Marduk fizeram da nave sua morada e lá permaneceram. Durante uma volta da terra, durante três voltas...

Mediram os movimentos pela Terra e calcularam a duração de um mês. Durante seis voltas da Terra, durante doze voltas ao redor do Sol mediram o ano da Terra. Registraram como se interligavam os dois, fazendo desaparecer as luzes.

Voltaram sua atenção para os caminhos de Mummu e Lahamu. Enki explicou a Marduk que junto com a Terra e a Lua, Lahmu constituía a segunda região do sol. Seis eram os celestiais das águas inferiores e seis os celestiais das águas superiores que ficavam além do bracelete esculpido. Anshar e Kishar, Anu e Nudimmud, Gaga e Nibiru. Estes eram os outros seis. Eram doze em total. Doze era a cota do sol e sua família. Marduk perguntou a seu pai sobre os acontecimentos recentes. Por que havia em uma fileira sete celestiais?

Enki considerou as voltas ao redor do sol e a grande volta que se fazia em torno dele.  Considerou as posições da terra e da lua e os movimentos de Nibiru, de forma não descendente ao sol. Chamou a volta de Caminho de Anu. E na expansão da profundeza pai e filho observaram as estrelas. Enki estava fascinado com seus agrupamentos. Desenhou as imagens de doze constelações, de horizonte a horizonte. E o fez nos caminhos de ida e volta e nomeou a fileira superior ao caminho de Anu como Caminho de Enlil e também assim, desenhou o caminho que levaria o seu nome. Foram trinta e seis constelações de estrelas, localizadas nos três caminhos. Definiu que seria designado desta forma, na posição da Terra, quando se viaja ao redor do Sol. Enki indicou a Marduk o início do ciclo, a medida do tempo celestial. Ele disse: quando cheguei à Terra, a estação que dava ao final nomeei de estação de peixes. Aquela que segue meu nome, o das águas, eu o chamei.

Marduk disse: sua sabedoria é fascinante, meu pai. Mas na Terra e em Nibiru, governo e o conhecimento andam separados!

Meu filho, disse Enki, do que você está falando? O que te falta? Todo conhecimento eu te dei.

Marduk, em agonia, disse. Meu pai, quando os trabalhadores primitivos foram criados, não chamaram minha mãe, e sim Ninmah, que é mãe de Ninurta. E depois chamaram por Ningishzida, que é mais jovem do que eu. Sua sabedoria sobre a vida e a morte foram compartilhados com eles, e não comigo.

Enki interrompeu: meu filho, você recebeu o comando dos igigi no Lahmu. Lá você é soberano.

Pai, disse Marduk, você é o primogênito de Anu e não Enlil. Entretanto, ele é o Herdeiro legal. Este lugar deveria ser seu. Você foi o primeiro a aterrissar e fundou Eridu. Mas Eridu está nos domínios de Enlil e o teu comando ficou delegado ao distante Abzu. E quanto a mim, eu sou teu primogênito, nascido da tua esposa legítima, em Nibiru. Mas agora, o ouro se reúne na cidade de Ninurta. A sobrevivência de Nibiru está em suas mãos, não nas minhas. Ao retornar à Terra, qual será meu trabalho? Estou fadado à fama e à realeza ou serei humilhado novamente? Enki abraçou seu filho, na desolada Lua e lhe prometeu: daquilo que fui privado, seu futuro chegará. Minha estação será adjacente à sua.

E assim, após esta conversa novos cálculos e trocas de ideias surgiram.

Enlil, na Terra, estava assustado. Ele comunicara Anu de sua preocupação. Enquanto isto, Enki e Marduk passaram incontáveis voltas na Lua e demoravam a retornar. O que estavam tramando? Suas ações são um mistério e não se sabe o que planejam, dizia Enlil.

A este tempo a situação era preocupante. No Lahmu os igigi estavam ansiosos e agitados. Marduk havia se afastado e a estação do caminho fora afetada pelas tempestades de pó, sem uma avaliação dos danos. Todos aguardavam por uma solução. Enlil insistia na necessidade da construção do espaçoporto no Edin e Ninurta com a construção em Bad-Tibira.

Até que Anu proferiu sua sagrada decisão.

Enki e Marduk retornarão da lua. Ouviremos suas palavras sobre suas descobertas e então a decisão será tomada.

As notícias eram de que a lua não era apropriada. E Anu decidiu que o novo espaçoporto deveria ser construído. Enki se pronunciou: que Marduk seja comandante então. Os igigi não necessitam mais de seu comando. Que Marduk guarde a Entrada do Céu.

Esta tarefa está reservada a Ninurta, disse Enlil furioso.

Anu pensou. Observou que os filhos estavam afetados pelas rivalidades. Então decidiu: nem Enlil nem Enki, nem Ninurta ou Marduk. A responsabilidade do espaçoporto será da terceira geração de anunnaki. Utu será seu comandante. Que o local seja chamado de Cidade Pássaro, e Sippar será seu nome.

Enlil iniciou os preparativos para a montagem do espaçoporto. Observou Nibru-ki e dotou o novo local por um círculo igual. O comando foi designado para Utu, neto de Enlil, conforme determinado por Anu, o rei de Nibiru.

Assim, uma nova era teve início. Anu esteve presente para a inauguração e assim os igigi do Lahmu e os anunnaki de todos os locais também. Inanna apresentou-se com canto e danças. Era uma grande celebração. O ouro estava empilhado, a entrega seria grande e o fornecimento direto da salvação dourada estava a caminho. O fim do trabalho pesado estava cada vez mais próximo. Anu anunciou que o trabalho na Terra poderia diminuir e que alguns anunnaki poderiam retornar a Nibiru. Alguns poucos shars de trabalho a mais e logo, voltarão para casa, ele dizia.

Marduk não voltou para o Lahmu e nem acompanhou seu pai no Edin. Ele desejava vagar por todas as terras em sua nave celestial. E assim, Utu foi designado para comandar os igigi, alguns na Terra, outros no Lahmu.

Todos trabalhavam com entusiasmo. Era o esforço final para o rápido retorno.

Entretanto, no Abzu, os anunnaki não trabalhavam de forma tão compenetrada. Eles diziam que os terrestres estavam se proliferando e poderiam substituí-los nas atividades. As notícias percorreram as instalações em todas as terras e rapidamente os anunnaki do Edin exigiam trabalhadores primitivos. Foram 40 shars em que houve alívio do trabalho no Abzu, e no Edin, não houvera nenhum descanso.

Enquanto Enki e Enlil discutiram Ninurta tomou sua decisão sozinho e montou uma expedição armada até o Abzu. Nos bosques capturou alguns terrestres e os levou até o Edin. Enki ficou zangado e Enlil ficara enfurecido. Revogaste a minha decisão de afastar Adamu e Tiamat do Edin, disse Enlil a Ninurta. Estou prevenindo um novo motim, Ninurta se defendia. No Edin os anunnaki observavam com admiração o trabalho dos terrestres. Eles eram dotados de inteligência e força e se encarregavam de todos os tipos de tarefas. Machos e fêmeas, entretanto, acasalavam constantemente e se proliferavam sem parar. Os anunnaki não se saciavam com a comida e naqueles dias ainda não existiam cereais e nem ovelhas.  Enlil estava furioso. Disse a Enki: que procure uma salvação, que você encontre uma solução!

Enki estava satisfeito com a proliferação dos seres terrestres, e preocupado ao mesmo tempo. Os anunnaki fugiam do trabalho e pouco a pouco os terrestres se transformavam em servos. Durante sete shars os anunnaki se acomodaram. Durante três shars houve escassez de pesca e de caça. Anunnaki e terrestres estavam famintos. Enki, em seu coração, planejava uma humanidade civilizada. Estudou cuidadosamente e analisou os novos seres. Nos rios e bosques, no trabalho, na cópula e no descanso. Enki compartilhava com Isimud, seu vizir, todas suas observações. Até que um dia Enki passeava de barco e observou duas belas jovens de selvagem beleza. Isimud o encorajou. Beije-as e conheça-as. Enki ofereceu às moças frutas e bagas do campo e então as beijou, conheceu, e derramou seu fluído vital dentro do ventre das duas terrestres. Isimud se encarregou de observar se as duas ficariam grávidas e a resposta foi afirmativa. Enki disse a Isimud, que ninguém saiba do que aconteceu.

Ao nonagésimo terceiro shar, engendrados por Enki, os dois nasceram no Edin, foram amamentados por suas mães e em seguida levados à casa de Enki. Isimud dizia que os dois haviam sido encontrados entre os juncos, e guardava os segredos de Enki. Ninki tomou os dois com carinho e os criou como seus filhos. O menino foi chamado de Adapa, a menina foi chamada de Titi. Ninki ensinou a Titi todos os ofícios. Enki se encarregou de ensinar tudo o que era possível a Adapa.

Enki confiava a Isimud toda sua alegria. Ele dizia: “criei o homem civilizado. Eu criei o homem civilizado! Eles irão domesticar ovelhas e farão crescer sementes.”

Enki enviou palavras a seu irmão Enlil. Ele dizia que um novo tipo de terreste havia surgido em meio ao deserto. Enlil foi pessoalmente de Nibru-ki ao Eridu. Enki explicou que eles eram rápidos em aprender e que poderiam ensinar os conhecimentos e ofícios. “Tragam de Nibiru as sementes que semeiam, tragam de Nibiru as ovelhas para repartir a Terra. Ensinemos a nova raça de terrestres a agricultura e o pastoreio. Os anunnaki e os terrestres sentar-se-ão juntos na mesma mesa.”

Enlil estava espantado. De fato, é incrível. E se dirigindo a Isimud questionou para confirmar, você realmente os encontrou em meio aos juncos?

Enlil maneou a cabeça e ponderou tudo com gravidade e espanto. Definiu por enviar a Anu as novidades.

Anu ficou espantado. Não é inédito que uma espécie leve a outra. Mas nunca se ouvira algo assim e que na Terra aparecesse tão rapidamente o Homem Civilizado a partir de Adamu.

Anu ponderou que para a semeadura e o pastoreio um grande número seria preciso. Eles seriam capazes de se proliferar? Enquanto os sábios de Nibiru refletiam no assunto, em Eridu Adapa e Titi se conheciam. Houve concepção e nascimento. Titi gerou dois irmãos. Eram gêmeos. Anu ficou sabendo da novidade. E encaminhou para a Terra as sementes e as ovelhas para o pastoreio. E assim determinou: Que Titi permaneça no Eridu para amamentar e cuidar dos recém-nascidos. E que Adapa, o terrestre seja trazido até Nibiru.

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