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Episódio 10

Oitava Tabuleta parte 1

O cordeiro dos céus

Enlil não se agradara da decisão de seu pai. Quem poderia pensar numa decisão destas? O que aconteceria quando Adapa fosse levado até Nibiru? Viajaria entre o céu e as estrelas e estaria dotado destes conhecimentos. E depois, em Nibiru beberia das águas e se alimentaria da comida da longa vida. E então se tornaria como os anunnaki.

Enki estava assustado. Seu rosto ficara sombrio após a decisão de Anu. Ele concordou com Enlil: quem poderia esperar uma decisão como esta?

Ninmah estava com eles. Ela dizia: a soberania de nosso pai Anu não pode ser evitada.

Enki tomou a palavra: vamos enviar nossos jovens para que o acompanhem e conheçam Nibiru com seus próprios olhos. Que Ningishzida e Dumuzi estejam com Adapa para lhe acalmar e orientar.

Ninmah concordou: são os nossos filhos nascidos na Terra. Nossa geração está esquecendo os ciclos de Nibiru, seus ciclos agora acompanham a Terra. Viajem os dois filhos de Enki, ainda não casados, a Nibiru. Possivelmente encontrem noivas lá.

Assim, em Sippar chegava uma câmara celestial vinda de Nibiru. Ilabrat, um vizir de Anu, saiu da nave.

Venho buscar o terrestre Adapa, ele disse.

Adapa foi chamado, assim como Titi e os jovens Ka-in e Abael. Ilabrat disse: é incrível como os terrestres se parecem conosco. Certamente têm nossa imagem e semelhança.

Enki apresentou seus filhos, Ningishzida e Dumuzi, e disse a Ilabrat que os selecionou para acompanhar Adapa.

Anu ficará feliz de ver seus netos, disse Ilabrat.

Enki chamou por Adapa e deu-lhe instruções. Ele disse:

Adapa, você será levado até Nibiru, o planeta de onde viemos. E lá você será recebido por Anu, nosso rei. Diante dele, incline-se. Fale somente o necessário e tudo quanto lhe for questionado. Ofereça respostas breves. Você receberá roupas novas e deve vestir o que lhe for dado. Será oferecido um pão que não se encontra na Terra. Não coma, ele é mortal. Será oferecido um cálice com uma bebida. A bebida é mortal, não beba. Meus filhos Ningishzida e Dumuzi irão lhe acompanhar. Obedeça às suas palavras e viverá.

Em seguida Enki chamou seus filhos e igualmente ofereceu-lhes instruções. Serão recebidos pelo rei, meu pai, e deverão se inclinar diante dele. Não se escondam perante os nobres e príncipes. Vocês são iguais a eles. Sua missão é trazer Adapa de volta à Terra. Não se permitam enfeitiçar pelas delícias de Nibiru.

Após cumprimentar seus filhos, Enki ofereceu a Ningishzida uma tabuleta secreta e selada. Ele disse: entregue a meu pai, Anu, o rei, em segredo.

Então os três se dirigiram a Sippar, no lugar das naves e cumprimentaram Ilabrat, adentrando na nave que logo partiu. Vestido com capacete de águia, Adapa se encolheu e gritou com medo. Ele dizia: a águia sem braços está subindo. Ningishzida e Dumuzi o acalmaram.

E então a Terra se escondeu no imenso vazio do oceano cósmico e Nibiru surgiu à sua frente. Ao chegar, foram recebidos com muita curiosidade. Haviam chegado os anunnaki nascidos na Terra e um ser de outro mundo.

No palácio, os nobres formavam grupos e no salão do trono príncipes e conselheiros estavam reunidos.

Ilabrat irrompeu o salão, seguido por Adapa e os dois filhos de Enki. Diante de Anu, se inclinaram. Anu cumprimentou os netos, emocionado e com lágrimas nos olhos, os beijou. Em seguida Dumuzi sentou-se à sua direita, Ningishzida à sua esquerda. E então Adapa foi apresentado a Anu por Ilabrat.

Entende o que falamos? Perguntou Anu. Ilabrat respondeu. Certamente, Enki o ensinou. Vem aqui disse Anu. Qual teu nome e ocupação? Adapa se posicionou diante do rei e se inclinou: Meu nome é Adapa, servo do Senhor Enki. Suas palavras causaram grande espanto. Anu disse: Maravilha das maravilhas conseguida na Terra. Os príncipes e nobres do salão real o acompanharam. Celebremos então, completou Anu.

Todos se dirigiram ao salão do banquete. Mesas fartas com pão e bebida. Mas Adapa não aceitara nada do que lhe era oferecido. Anu dizia: porque trouxeram este terrestre mal-educado para lhe oferecer os segredos celestiais? Anu se dirigiu a Adapa: Por qual motivo rejeita nossa hospitalidade? Por que não come e não bebe?

Adapa disse: meu professor, senhor Enki, disse: não coma e nem beba nada!

Que estranho, disse Anu. Foi quando Ningishzida se aproximou e entregou a Anu a tabuleta secreta, dizendo: é possível que a resposta possa ser encontrada aqui.

Anu estava confuso e preocupado. Recorreu à sua câmara privada para abrir a tabuleta selada. Inseriu a tabuleta no explorador. E a mensagem se revelou: Adapa nasceu por minha semente de uma mulher terrestre. Do mesmo modo Titi foi concebida por minha semente em outra mulher terrestre. São dotados da sabedoria e da fala, mas não da longa vida de Nibiru. Ele não deve comer do pão e nem beber da bebida. Adapa deve voltar para Terra, sua sorte deve ser viver e morrer na Terra. Seus descendentes irão plantar e pastorear e disto a saciedade chegará.

Anu ficara surpreso. Não sabia se ria ou se estava zangado. Chamou seu vizir Ilabrat e lhe mostrou a mensagem. Questionou a respeito das regras e o que o rei deveria fazer. Ilabrat esclareceu: nossas regras permitem concubinas, mas não há qualquer esclarecimento a respeito de relações interplanetárias.

Ningishzida foi chamado à câmara de Anu. “Você sabia o conteúdo da mensagem secreta de seu pai?”, perguntou Anu.  Ningishzida baixou a cabeça em resposta negativa, e completou: não sabia, mas posso adivinhar. Testei a essência vital de Adapa e é correspondente à semente de meu pai, Enki. Anu confirmou que a mensagem era aquela e ordenou que Adapa retornasse imediatamente à Terra. Ningishzida, você deve acompanha-lo, disse Anu. Deverá ser professor da humanidade civilizada, ao lado de seu pai Enki. .

Anu retornou ao salão onde as comemorações ocorriam e anunciou: as boas-vindas não deverão se estender. O terrestre não deverá comer nem beber em nosso planeta. Já presenciamos suas habilidades surpreendentes. Agora, deixemos que retorne à Terra e que gere descendentes. Para cuidar da sua segurança Ningishzida o acompanhará e retornará com ele, levando as sementes de cereais de Nibiru. Dumuzi permanecerá por 1 shar e quando retornar levará com ele as ovelhas e as essências das ovelhas.

Todos ouviram as palavras do rei. E assim, Adapa e Ningishzida foram conduzidos ao local das naves celestiais. Na viagem Ningishzida explicou a Adapa sobre os deuses, os planetas e os nomes que foram oferecidos. Ensinou os meses e como o ano da Terra era contado.

Ao chegar à Terra Enki os esperava. Disse a Ningishzida que tudo ocorrera como esperava, com exceção da permanência de Dumuzi em Nibiru.

Enlil ficou desconfiado com o retorno imediato e pediu esclarecimentos. Ninmah também foi chamada para conversar com Enki.

Foi quando Enki revelou a eles o que de fato aconteceu e a verdadeira origem de Adapa. Mas deixou claro que não havia quebrado qualquer regra, e sim garantindo a saciedade.

Enlil disse enfurecido. Não quebraste nenhuma regra, mas lançou a sorte do destino dos anunnaki e dos terrestres.

Foi quando Marduk chegou a Eridu, chamado por sua mãe, Ninki. Enki e Ningishzida resolveram esconder de Marduk a verdade dos fatos. Marduk ficou impressionado com Adapa e Titi e logo se apegou aos gêmeos Ka-in e Abael.

Se Ningishzida irá instruir Adapa, permitam-me ser o professor dos meninos, disse Marduk. Enlil disse: que Marduk ensine a um deles e que Ninurta ensine o outro. Assim Ningishzida ficou em Eridu para ensinar Adapa e Titi. Ensinou-lhes as ciências da escrita e dos números.

Ninurta levou para Bad-Tibira o primeiro dos gêmeos a nascer. E foi Ninurta quem lhe deu o nome de Ka-in, aquele que no campo faz crescer os mantimentos. E o ensinou a cavar canais de irrigação, semear, colher e arar a terra com madeira de árvores. Marduk levou o outro dos irmãos, a quem chamou de Abael, O dos Prados Molhados. Marduk ensinou a construir estábulos para iniciar o pastoreio quando Dumuzi retornasse de Nibiru.

Assim, Dumuzi trouxe de Nibiru os animais quadrúpedes e a semente essencial das ovelhas. Sua chegada foi motivo de celebração.

Os líderes se reuniram para refletir sobre como proceder com a nova espécie. Nunca antes houvera uma ovelha na Terra. Nunca tinha decido um cordeiro dos céus. Nunca uma cabra havia parido um cabrito. Nunca se havia tecido a lã de uma ovelha.

Enki e Enlil, Ninmah e Ningishzida decidiram estabelecer uma Câmara de criação, uma casa de Elaboração. E nas montanhas de cedro, sobre o monte do Lugar de Aterrissagem, perto de onde foram plantadas as sementes do elixir de Ninmah, estabeleceram a Câmara de Criação. Foi lá que teve início a multiplicação de cerais e de ovelhas na Terra. Ninurta era o mentor de Ka-in para a semeadura e a colheita. Marduk era o mentor de Abael para a ciência da criação e pastoreio de ovelha e cordeiros.

Enlil anunciou: quando a primeira colheita for feita, quando maturar a primeira ovelha, vamos nos reunir em celebração.

Guiado por Ninurta, aos pés de Enki e Enlil Ka-in pôs sua oferenda com os primeiros grãos.

Guiado por Marduk, aos pés de Enki e Enlil Abael pôs sua oferenda com a primeira ovelha. Enlil deu aos irmãos uma alegre benção e elogiou o trabalho feito. Enki abraçou Marduk e ergueu o cordeiro para que todos o vissem. Então disse: carne para comer, lã para vestir chegou à Terra.

O rosto de Ka-in ficara sombrio e entristecido. Enki não havia concedido sua benção. Além disto, Abael dizia que era ele quem agravada aos anunnaki, dava força aos anunnaki, proporcionava lã para suas roupas. Ka-in ofendido contestava. Eu encho de abundância as planícies que fazem pesar os sulcos de grãos. Pássaros nos campos e peixes são fartos nestas regiões. O pão nosso de cada dia sou eu quem produz.

E assim dias e noites passaram. Quando o verão chegou as terras secaram e não houve chuva. Abael levou os rebanhos para os campos de Ka-in para que pudessem beber água dos sulcos e canais. E foi assim que irmão contra irmão a discussão tomou forma mais uma vez.

Ka-in pegou uma pedra e golpeou contra a cabeça de Abael. E seguiu golpeando até que o fluído que lhe corre nas veias começasse a jorrar. Foi quando ele estremecera. Ka-in gritava, meu irmão... meu irmão... meu...

Mas já era tarde... Ka-in ficou junto ao irmão. A alma já havia se separado de seu corpo. Titi, à distância, foi a primeira a perceber que algo não estava correto. Era uma sensação forte. Ninguém lhe havia chamado ou avisado. Titi disse a Adapa. Meu coração se enche de pesar. Algo terrível aconteceu.

Adapa e Titi partiram de Eridu ao local onde encontravam seus filhos. E então viram Ka-in sentado ao lado do corpo do irmão. Titi gritou em agonia. Adapa lhe jogou terra sobre a cabeça. Gritaram com Ka-in: o que você fez? O que você fez?

Adapa retornou a Eridu e contou a Enki o que acontecera. Enki ficou furioso e enfrentou Ka-in, dizendo: amaldiçoado! Será expulso do Edin. Não viverá entre os anunnaki e os terrestres civilizados. Quanto a Abael, deve ser enterrado e eu mostrarei como fazer isto.

Trinta dias e trinta noites passaram. A dor era latente em Adapa e Titi. Com fúria Marduk dizia. A ação de Ka-in deve ser penalizada com a morte! Que reúnam os sete que julgam, disse Ninurta. Marduk não aceitava e dizia: ele não é de Nibiru, não precisa dos sete que julgam. Que absurdo é esse? Não é suficiente que o treinado por Ninurta tenha assassinado aquele que treinei? Não foi assim que Ninurta venceu Anzu? Que receba o mesmo tratamento e que seja extinto o fluído vital de Ka-in. Ninurta ficara triste com as palavras de Marduk. Enki disse: deixem que eu fale com Marduk.

Enki se dirigiu a seu filho e contou a ele o segredo que lhe havia sido escondido. Assim Marduk ficara sabendo da origem de Adapa e dos irmãos Ka-in e Abael. Enki contou que um novo tempo havia chegado e que os terrestres civilizados podiam procriar por si. Assim, Ka-in não deveria ser extinto também. Caso contrário as rebeliões retornariam e a saciedade não chegaria. Agora, Marduk, tenha piedade de Ka-in e não permita que a linhagem de Adapa seja extinta.

Marduk inicialmente estava enfurecido e depois riu. Disse: muito se falava de suas proezas amorosas. Agora, vejo que é verdade. Que seja poupada a vida de Ka-in então e que seja expulso aos limites da terra. Assim, Ka-in foi levado ao oeste junto com sua esposa Awan e Ningishzida alterou a essência vital de Ka-in, para que ele fosse distinto dos demais filhos de Adapa. Desta forma, Ka-in tornou-se imberbe.

Logo a dúvida se pôs. Sem Ka-in e sem Abael quem iria multiplicar as ovelhas e prover lãs para as roupas? E quem iria arar a terra e fazer os grãos crescer?

Que Adapa e Titi se conheçam outras vezes e que outra geração se faça.

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